Propósitos
Propósitos: “As pessoas não compram o que você faz, elas compram o porquê você faz. ” Afirmou Simon Sinek, londrino e autor do livro “Start with Why”, durante uma palestra TED1.
Quando fui convidado para escrever esse artigo, prometi que o primeiro tema seria sobre inovação, mas ao preparar o conteúdo, buscando referências e etc, encontrei em uma de minhas anotações a frase que intitula esse texto, falando sobre propósito. Então vejo que para falar sobre inovação é necessário falar sobre sua base, que é o propósito.
Muito antes de começar a repassar para minhas equipes que tudo depende de um propósito, tive que passar pelo caminho natural do aprendizado de como ter propósitos. Vivemos em um mundo onde a informação é quase em tempo real, as pessoas estão focadas em executar ideias (próprias ou não), trabalhar e ganhar dinheiro, enfim, a velha história da corrida dos ratos, que pretendo relacionar com um resumo do livro Freaknomics, mas em outra oportunidade quando a temática envolver economia. Entretanto, até para entrar nessa corrida dos ratos é necessário ter um propósito, mas vamos com calma…
Vou tomar a liberdade de usar nesse artigo o case da Apple que é muito conhecida por ser uma empresa inovadora e principalmente por ter tido Steve Jobs no comando, apesar que ele próprio era contra hierarquias e se nomeava apenas como um visionário. Em uma entrevista de Steve Jobs um pouco antes de voltar para a Apple (algo que ocorreu em setembro de 1997), ele falava sobre temas como conspiração da mídia para servir conteúdo barato, ou o pior e o melhor taxista comparado ao trabalho de um desenvolvedor. Detalhava também que quando esteve à frente da Apple até ser demitido tentou mantê-la unida, além de trabalhar por 18 horas quase todos os dias e viver como se cada dia fosse o último. Tudo isso para um único e ambicioso propósito, mudar o mundo! (Não… naquela época inicial da Apple ainda não existia o desenho Pink e Cérebro).
Steve Jobs, após ser demitido de sua própria empresa criou outras duas grandes companhias de sucesso, a Pixar Studios e a Next, na qual fechou um acordo retornando à Apple para que pudesse recuperar a empresa que havia criado. Dessa forma, seu ambicioso propósito fez com que uma empresa criada a partir do zero em 1976 e praticamente falida em 1996, se tornasse em 2017, após o lançamento do iPhone X, uma companhia de US$ 860 bilhões.
Além do que, nesse meio tempo, o mesmo propósito fez com que os atuais 5 bilhões de usuários de smartphones no mundo (conforme Hootsuite e We Are Social) fossem afetados pelo lançamento do iPhone que trazia a ideia de usabilidade, design leve e atrativo, além de permitir que um celular não servisse apenas para ligações telefônicas. Em tempo, após a venda da Pixar por US$ 7,8 bilhões, outra empresa que mudou a história das animações, Steve Jobs se tornou o maior acionista individual da Disney. Mesmo para os mais céticos, o propósito inicial foi cumprido.
Porém, após definir um propósito é necessário não só divulgá-lo, mas fazer com que as pessoas ao redor possam entrar nesse barco. Depois de publicamente falar que sua referência inicial era a Sony, Jobs nos seus últimos dias, deixou um plano para 4 lançamentos da Apple, mas e depois?
Será que todos os especialistas da Apple, incluindo Tim Cook atual CEO, continuariam com o mesmo propósito de mudar o mundo?
Em 2013, após a morte de Steve, o principal designer da Apple nos anos 80, o alemão Hartmut Esslinger disse ao site Quartz:
“A Apple de hoje parece a Sony dos anos 1980, onde o fundador visionário foi substituído por líderes que não pensam além de refinar produtos e receber lucros”.
Vimos, portanto, que empresas ou produtos devem ser criados e mantidos através de propósitos, os quais precisam e devem ser compartilhados com todos. Como mencionado no início, toda inovação surge de um propósito, veja os casos recentes do Uber, Netflix, Nubank e tantos outros.
1. https://www.youtube.com/watch?v=ayaO26BmkPk
Fontes
https://olhardigital.com.br/noticia/ha-20-anos-a-apple-fechou-um-negocio-que-mudou-sua-historia-para-sempre/64842
http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u685614.shtml
https://www.youtube.com/watch?v=HRHjVsMHspA
http://economia.estadao.com.br/blogs/radar-tecnologico/dois-anos-sem-steve-jobs-veja-o-que-a-apple-criou-sem-seu-fundador/
https://qz.com/123388/hartmut-esslinger-says-apple-no-longer-innovative-helped-steve-jobs-design-the-mac/
Por: Luciano Silva
Possui graduação em Gestão da Tecnologia da Informação pela Universidade Nove de Julho, cursando MBA em Gestão Estratégica de Negócios. Atualmente é consultor de Infraestrutura de TI do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM), detentora dos jornais Gazeta do Povo, Tribuna do Paraná e afiliadas da TV Globo no estado do Paraná. Trabalha desde 1998 em projetos para empresas como Kantar IBOPE Media, Avaya, Unilever, JPMorgan e Telefônica. Tem experiência na área de Tecnologia, com ênfase em Pesquisa e Desenvolvimento.